A pandemia e todas as situações de medo e incertezas pelas quais estamos passando têm fragilizado as nossas relações pessoais e isso pode acabar afetando também, de certa forma, as relações entre sócios. Por isso, mesmo em meio à dificuldade, é preciso dedicar tempo para cuidar da sociedade como uma forma de cuidar do negócio.
De modo geral, uma sociedade empresarial é formada por duas ou mais pessoas e cada uma tem seu estilo, sua experiência de vida, suas competências e habilidades. E essas diferenças, que antes não eram vistas como “problemas”, podem acabar se acentuando e saindo do controle em situações de crise.
Além do mais, com a necessidade de distanciamento físico, as pessoas estão se vendo mais pelas telas do que pessoalmente, o que pode acabar colocando de lado discussões importantes de serem tratadas numa sociedade. E este deve ser um ponto de atenção, pois o acúmulo de conflitos não resolvidos pode prejudicar a relação até mesmo ao ponto de uma ruptura.
Então, a melhor forma de cuidar de uma sociedade, principalmente em períodos mais turbulentos, é através do diálogo aberto e claro. A partir dele, devem ser pactuadas as estratégias e prioridades da empresa, suas regras e diretrizes, de acordo com o momento vivido. Os sócios podem até discordar e discutir, mas é preciso, ao final, chegar em um acordo comum que deverá ser seguido.
O que não pode, de forma alguma, é estar cada sócio com a estratégia em sua própria cabeça, sem alinhamento. Principalmente porque as equipes percebem quando há uma crise na sociedade e quando os sócios se respeitam e compartilham o modo de condução do negócio. E é extremamente importante que, no momento do aperto, as pessoas que fazem a empresa acontecer tenham segurança nesta relação.
Mudar para não estagnar
Segundo Philip Kotler, “há dois tipos de empresas: as que mudam e as que desaparecem”. Esta frase nunca fez tanto sentido quanto neste momento, em que ainda navegamos pelos mares turbulentos da pandemia. Mas se no início do ano passado, quando nos deparamos com um cenário de mudanças repentinas e incertezas, muitas empresas tiveram que se reinventar do dia para a noite para continuarem existindo, o desafio agora é manter o que foi conquistado sem estagnar.
Quando a pandemia surgiu no Brasil, no começo de 2020, e o isolamento social se tornou condição indispensável para a sobrevivência da população, as mudanças foram inevitáveis. Só resistiram, de fato, as empresas que conseguiram se adaptar rapidamente em seus formatos de trabalho. Hoje, muitos desses processos que foram implementados na época estão consolidados e dando resultados. A exemplo de empresas que não tinham e-commerce e hoje operam com grande parte do lucro vindo do canal de vendas digital.
No entanto, só manter aquilo que já foi feito não é suficiente. Independente da realidade pela qual está passando, a capacidade que a empresa tem de mudar, de se adaptar e inovar deve ser algo constante, e não apenas sazonal, condicionada aos momentos de dificuldade ou ao que está “na moda”. Do contrário, ela acabará se tornando obsoleta e desaparecendo.
Por isso, é importante ter no negócio, além de profissionais com capacidade de adaptação, clareza das ameaças e gestores que saibam identificar as oportunidades e liderar os planos de inovação. Criar um grupo que funcione como o “guardião” das mudanças, responsável por disseminar os objetivos do projeto, suas exigências e ganhos, pode ser uma boa estratégia. Desta forma, torna-se mais fácil engajar as pessoas, minimizar as resistências e permitir que a mudança aconteça com mais facilidade.
Organizar as finanças pessoais é importante em qualquer momento da vida, mas é um hábito que se torna ainda mais prioritário em tempos de crise. Isso porque é muito comum que as pessoas usem o dinheiro em períodos de dificuldade como uma válvula de escape, uma forma de diminuir a angústia e a ansiedade, o que pode ser uma armadilha.
É fato que, como resultado do estado de calamidade e do isolamento social causados pela pandemia, o orçamento de boa parte da população foi bastante impactado. E quem não tinha o hábito de guardar dinheiro como reserva para emergências, se viu em uma situação ainda mais difícil.
O primeiro passo na direção de controlar as finanças é colocar em prática algumas ações básicas, porém essenciais. A primeira delas é fazer uma relação entre o que ganha e o que gasta, incluindo até mesmo as pequenas despesas do dia a dia. Essa é uma discussão que precisa envolver, também, outras pessoas com as quais compartilhe as despesas – pais, marido, esposa, filhos, etc.
As dívidas também precisam ser registradas e elencadas por prioridade. Aquelas com juros mais altos devem estar no topo da lista de pagamento. Como o futuro ainda é incerto, é prudente não só evitar gastos desnecessários como também não assumir novas dívidas. Compre apenas aquilo que pode pagar à vista, pesquise preços, peça descontos e evite compras por impulso.
Hoje existem muitas ferramentas que podem auxiliar nisso, seja para pesquisar, comparar valores, negociar formas de pagamento. Também existem inúmeras formas de sistematizar o acompanhamento das finanças, ação que é essencial para a organização financeira, principalmente na crise. Vale organizar as informações em uma planilha, em algum aplicativo ou até mesmo escrito no papel. O importante é ter clareza e visibilidade da situação.
E, é claro, sempre que possível, deixe uma parte dos ganhos mensais, mesmo que pequena, em uma reserva para urgências. Em um cenário ideal, o mais indicado é ter guardado um valor suficiente para manter seu nível de vida por três meses. Assim, ao surgir um imprevisto, terá mais segurança e tranquilidade para buscar soluções permanentes para a situação. Afinal, é justamente em tempos de crise que o controle financeiro surge como uma “tábua de salvação”.
É muito comum encontrarmos empresas que promovem para cargos de gestão profissionais que se destacam pela competência técnica. Esta é, inclusive, uma estratégia bastante utilizada no meio empresarial como uma prática de reconhecimento e motivação das equipes. No entanto, é preciso cuidado para não acabar perdendo um ótimo técnico e ganhando um mau gestor.
Para não cair na armadilha de promover um profissional equivocadamente e acabar colocando alguém que estava em um lugar de competência para uma posição de fracasso, é importante avaliar aspectos que vão além do conhecimento e o desempenho da pessoa em questão. Afinal, liderar equipes exige outras habilidades, como saber lidar com gente, mediar conflitos, cobrar resultados, entre outras.
Por isso, antes de tomar uma decisão, vale avaliar os cenários, amadurecer a ideia e conversar abertamente com o profissional que está sendo cotado para a promoção, dando visibilidade dos ganhos e riscos de assumir o novo desafio. É preciso deixar claro o que a empresa espera do empregado, em termos de desempenho e atitudes para a nova função.
Isso porque, na maioria das vezes, depois de consolidada a mudança, só existem duas alternativas: fazer dar certo ou desligar o profissional. Mas também é preciso lembrar que ninguém nasce sabendo gerir uma equipe e que buscar alternativas de capacitação é fundamental para o sucesso do novo gestor e, por consequência, da empresa.
Diante de tudo o que estamos vivendo, é muito comum encontrarmos pessoas que desenvolveram crises de ansiedade. E são vários os efeitos negativos de um quadro ansioso, que quando não é tratado, pode impactar diretamente na motivação e na produtividade do profissional.
Medos, angústia, estresse, dificuldade de concentração, sudorese, episódios de esquecimento, falhas constantes; todos esses são sintomas relacionados em alguma medida com a ansiedade. E principalmente neste momento pelo o qual estamos passando, com mais uma fase crítica da pandemia no país, esses efeitos podem se tornar ainda mais intensos.
Por isso, é papel dos gestores estarem atentos à saúde mental das suas equipes, identificando e tratando casos de ansiedade, buscando entender e criar alternativas possíveis para cada situação. Mais do que nunca, é essencial que as lideranças estejam atentas ao clima organizacional e invistam em ações, mesmo que pequenas, mas que façam a diferença no ambiente de trabalho.
Isso envolve formar uma rede de apoio, dar suporte, conversar, mostrar que entende a situação e que está presente para escutar o que o profissional está passando, além de estimular um clima o mais positivo possível. Essa postura de aproximação e compreensão do gestor pode facilitar e incentivar a motivação e o engajamento da equipe, mesmo diante do momento difícil.
É principalmente em períodos de crise e dificuldades que as empresas percebem o quanto é importante manter as equipes motivadas e produtivas. Porém, algumas ainda acreditam que oferecer um bom salário, benefícios e um plano de carreira é suficiente para que isso aconteça, quando, na realidade, o engajamento do time é reflexo da atuação das lideranças.
É papel indelegável do gestor ser a ponte entre a organização e os empregados, comunicando de forma eficiente e clara suas políticas e ações, missão e valores. Atuar com uma gestão participativa, abrir espaço para opiniões e críticas, ouvir os medos e não desconsiderar as preocupações da equipe também são ações importantes para promover a motivação e, consequentemente, melhorar os resultados.
É muito diferente do modelo “eu mando, você obedece”. Esse formato não engaja, gera desconforto e reflete diretamente nos resultados. É visível que, quando há centralização ou uma gestão baseada no medo, os impactos vão acontecer em vários aspectos – falhas constantes, rotatividade, excesso de faltas, metas que não são cumpridas, entre outros.
Por outro lado, quando a liderança é inspiradora, ela é capaz de sustentar a equipe em qualquer circunstância. O empregado passa a admirar e construir uma relação mais próxima com a empresa, podendo atuar com maior envolvimento nas tarefas, refletindo ainda na qualidade das entregas e no atendimento ao público, no bom clima organizacional e na imagem que chega para quem está de fora, o que faz toda a diferença nos bons, mas principalmente nos maus momentos.
O sistema de remuneração variável é uma excelente ferramenta para obter das equipes maior compromisso, empenho e satisfação com o trabalho. Afinal, com os profissionais mais focados no atingimento de metas e entrega de resultados, todos ganham. Mas será que agora é o melhor momento para implantar um sistema como este?
Numa situação de pandemia e crise econômica pela qual estamos passando, em que muitas empresas precisam se manter preocupadas com o caixa para sobreviver, pensar em uma divisão de resultados pode assustar. Até porque o cenário de insegurança e incertezas ainda é grande. No entanto, os benefícios de implantar um sistema de remuneração variável agora podem compensar.
É fato que a motivação e o engajamento aumentam quando os empregados têm a visibilidade de que o seu desempenho será recompensado. Além disso, saber que terá participação sobre os resultados gerados pelo seu trabalho traz um sentimento de pertinência e corresponsabilidade, o que, em momentos de dificuldade, pode fazer a diferença para um negócio.
No entanto, para que realmente cumpra o seu papel, o sistema de remuneração deve ter clareza em seus objetivos e na lógica de seu funcionamento. Além disso, a disseminação das regras para todos é essencial. Cada empregado precisa compreender o seu lugar e papel no processo produtivo e como ganhará mais com a melhoria do desempenho.
É extremamente importante que todos os profissionais da organização conheçam a lógica e os critérios do sistema desde o começo, evitando expectativas irreais geralmente criadas por falta ou confusão de informações. Em resumo, é um processo que pode trazer resultados efetivos, porém é exigente e caso não seja feito de forma correta, pode acabar gerando mais frustração do que efetivamente motivando os empregados.
Estamos vendo, de forma cada vez mais frequente, o movimento de pessoas e empresas saindo do home office e retornando para as atividades presenciais. É fato que essa tendência, na maioria dos casos, é resultado de uma saturação do formato de trabalho remoto e do isolamento social, mas é preciso lembrar que a pandemia ainda não acabou e que cuidados ainda se fazem necessários.
Sabemos que algumas pessoas não se adaptaram ao home office, que em vários casos o ambiente não é o ideal para o trabalho e que o formato é cansativo a longo prazo. Fora isso, existe a necessidade real de interação com outras pessoas fora do âmbito familiar e íntimo, já que há quase um ano estamos mais isolados em casa, tendo contatos apenas no ambiente virtual.
Porém, por mais que estejamos todos cansados e desejando uma “volta ao normal”, a pandemia segue acontecendo, em algumas localidades até mais forte do que estava no mesmo período do ano passado. Recentemente, tivemos o dia com a maior quantidade de mortes pelo coronavírus no Brasil desde o início da pandemia e, em vários estados, inclusive em Pernambuco, as medidas restritivas foram endurecidas para conter o avanço do vírus.
Além disso, por mais que a vacinação esteja acontecendo para pessoas de grupos de risco e linhas de frente, ainda vai demorar para se ter um efeito total de imunização. Então, vamos seguir com os cuidados, cumprindo o distanciamento social, a etiqueta respiratória e as medidas de higiene. O momento agora é de aguentar firme um pouco mais, cuidando da nossa saúde e saúde do próximo, para que, em breve, estejamos todos juntos com segurança.
No início da pandemia, o isolamento social forçou a utilização de metodologias à distância, como as reuniões online e videochamadas. Inclusive, muitas empresas que não tinham a prática de reunir suas equipes para acompanhamento das demandas adotaram esta dinâmica no dia a dia. Porém, a importância das reuniões vai muito além da necessidade de monitoração dos empregados. Quando bem feitas, podem trazer muitos ganhos para a organização.
É fato que muitas pessoas não percebem os benefícios das reuniões periódicas. Muitos acham que é perda de tempo e, realmente, quando não há uma pauta determinada e um objetivo a ser cumprido, pode até ser mesmo. Por isso, para realizar uma reunião eficiente e produtiva, é preciso planejamento.
Estabelecer uma pauta permanente que envolva informar os resultados alcançados no período, perguntar como as pessoas estão, quais estão sendo as suas dificuldades, o que perceberam de avanços, etc, é uma ótima maneira de começar e tornar a reunião um momento de troca e alinhamento.
Esta pode ser, também, uma oportunidade para reconhecer e compartilhar boas práticas, promover a integração entre os empregados e deixar a gestão mais próxima das equipes. No entanto, para que isto aconteça, é necessário estabelecer um espaço de diálogo nas reuniões. Abrir as falas e estimular os participantes para que eles falem das suas experiências, suas conquistas e deem sugestões para resoluções de problemas.
É importante atentar, também, que cada equipe tem necessidades diferentes, então não existe uma receita pronta que defina periodicidade e pautas a serem discutidas. Os encontros podem ser semanais, quinzenais ou mensais, nunca menos do que isso. Com dias e horários estabelecidos para início e fim. Desta forma, será mais fácil de internalizar a prática no dia a dia dos empregados e garantir a participação e o envolvimento necessário para que as discussões sejam, de fato, produtivas.
Com a chegada do final do ano, muitas empresas já começaram a atualizar suas estratégias para o novo ciclo que se inicia. Se em 2019, neste mesmo período, as organizações planejavam sem imaginar que seriam fortemente impactadas por uma pandemia, agora, mesmo com um horizonte ainda cheio de incertezas, já temos sinais importantes que podem ajudar na definição das metas.
Mais do que nunca, planejar é essencial. É hora de avaliar o ano que passou, os erros, acertos, ganhos e perdas, e pensar no que virá. Mas não basta apenas ter um plano estratégico definido. Para garantir a sua realização é preciso atentar para a importância do monitoramento da estratégia e ter atenção para as possíveis eventualidades que podem acontecer durante o caminho.
E para que o monitoramento seja mais efetivo, espaços mais curtos para avaliação dos cenários pode ser estabelecido e, com isso, a necessidade de redirecionar o que foi planejado, ajustando o rumo em tempo hábil.
Por último, não devemos confundir planejamento com previsão de futuro. É justamente por não sabermos o que o futuro reserva que devemos nos planejar e preparar, na medida do possível, para as diversas alternativas que podem se apresentar. Esta deve ser, portanto, a grande motivação de trabalhar com estratégia: ampliar as competências para lidar com as incertezas.